sexta-feira, 25 de julho de 2008

Há um homem escondido
observa com um só olho de ciclope eficiente,
são coisas minúsculas,sangue, gotas de água,
olha e escreve ou conta,
naquela gota circula o universo,
a via láctea treme como um pequeno rio,
observa o homem, e anota,
no sangue minúsculos pontos vermelhos,
planetas em movimento ou invasões de
fabulosos regimentos brancos,
o homem com o seu olho anota, escreve ali contido
o vulcão da vida, o esperma com a sua titilação de firmamento,
como aparece veloz o tesouro trémulo, as sementezinhas do homem,
logo em seu círculo pálido uma gota de urina mostra
países de âmbar ou na tua carne montanhas de ametista
pradarias ondulantes,verdes constelações ,
no entanto ele anota, escreve, descobre uma ameaça,um ponto dividido, um halo negro,
identifica-o, encontra o seu prontuário, já não pode escapar-se,
repentina no teu corpo será a caçada, a batalha que começou no olho do laboratorista:
será de noite, junto à mãe morte, junto ao menino as asas de espanto invisível,
a batalha na ferida, tudo começou com o homem e o seu olho que procurava no céu
do sangue uma estrela maligna. Ali, de bata branca segue procurando o sinal,
o número, a cor da morte ou da vida, decifrando a textura da dor, descobrindo o
emblema da febre ou o primeiro sintoma do crescimento humano.
Logo o descobridor desconhecido, o homem que viajou pelas tuas veias
ou denunciou um viajante mascarado, no Sul ou no Norte das tuas vísceras,
o temível homem com o olho pega no seu chapéu, põe-no, acende um cigarro
e sai para a rua, move-se, desprendido, espalha-se pelas ruas, junta-se à massa dos homens,
por fim desaparece como o dragão, o monstro diminuto e circulante que ficou abandonado
numa gota no laboratório.
pablo neruda
ode ao laboratorista

segunda-feira, 21 de julho de 2008

domingo, 20 de julho de 2008

Arca d'Água promo

Mi vientre es mi mundo interior.
En mi cuerpo está la memoria [...]
Mi casa es este cuerpo que parece una mujer.
No lo es todo pero es todo lo que tengo. A veces, ni eso.
A veces, soy la pura humedad que un día caló los huesos que tuve.

Miriam Reyes

nací con lágrimas en el sexo
con tierra en los ojos
con sangre en la cabeza.
Miriam Reyes

sábado, 19 de julho de 2008

Há um espaço branco que
não tem princípio nem fim.
Como uma casa vazia que
transporta memórias atiradas
para o ar, […] que espera ser
habitada e deseja ser um lugar
de sonho. É nesse espaço que
surgem criaturas que habitam
lugares entre a terra e o ar. É nesse espaço, que o sonho
acontece e por momentos as pessoas voam e entoam sons
de pássaros numa procura imensa de descolar em direcção ao ar.


Balleteatro
Alugo-me para sonhar
princípio do precipício nos teus braços
sensação doce de ver o corpo diluir
numa loucura de cheiros, cores
silêncio
eu quero. e tu?

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