sábado, 23 de agosto de 2008

Brandy

Os olhos imensos.
Pestanudos. Castanhos.
Acende um cigarro, entre as férias do verão passado
e a festa do fim-de-semana que há-de vir.
A boca desenhada a vermelho.
O vinho branco.
O sinal de uma rotunda precisão no lado direito do rosto.
Há, neste corpo, uma materialização da alvorada.
A pele. Novo cigarro.
O cabelo ondulado que não permite mais do que entrever
o lóbulo carnudo da orelha.
Brandy. Cigarro.
O peito redondo a legitimar o decote. O torpor.
O reflexo do álcool escorrendo por dentro do copo.
Vestido preto justo. As mãos.
Asfalto espelhado de chuva. Cigarro.
A marginal. Os olhos.
Dois dias para recuperar os corpos.

Histórias de Embalar
Nuno Casimiro

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