sábado, 1 de agosto de 2009

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- perco-me nas pontas de um lençol vazio.
- não! não! sou obcecada pela sensibilidade.
- perco-me no vazio de um quadrado perfeito.
- não! sou obcecada pela inteligência.
- perco-me na perfeição, como se fosse um erro.
- gosto de problemas. gosto de jogos.
- de tanto te ver, imagino-te.
- problemas insolúveis. jogos de sedução. é perder ou ganhar.
- enrolado num cobertor pequeno demais. desmaiado num sofá demasiado curto.
- não aceito os outros, mas não consigo viver sem eles. sem ele.
- calado. inerte. quase inexistente.
- um outro qualquer..
- desfeito. perfeito.
- o que se deita comigo na cama.
- ausente.
- o que se lança na minha direcção mas raramente me atinge.
- desmente-me. vá, desmente-me agora. diz-me agora que o que vejo não é a verdade de ti.
- não sei porque relaciono os amantes com linhas paralelas. não sei porque me preocupa saber quem passa por cima ou por baixo.
- vá. levanta a tua voz e diz-me que é mentira. diz-me agora, se podes, que esse teu corpo requebrado de Madonna, mesmo adormecido, não é desejado. que essa tua boca silenciada não tem um ouvido atento e apaixonado.
- não sei porque confundo a geometria com a paixão. uma relação amorosa com uma viajem de comboio. uma discussão com uma cancela fechada.
- vá lá. diz-me agora que não sentes o meu amor. o amor... o amor... o amor..
- resumo tudo a um frenesim de partidas e chegadas. uma espécie de máquina imparável e inútil.
- o amor..o amor é escrever-te enquanto dormes. é pensar-te quando estou longe. é querer-te quando não estás. é tentar, uma e outra vez, saber viver ao teu lado.
- parece-me que a vida não passa de uma fábrica de consolações.
- não percebes que amar-te é um desafio. não, disso tu não sabes nada.
- vivemos enlatados, comemos enlatados, trabalhamos enlatados,viajamos enlatados, envelhecemos e morremos enlatados.
- tu, que pensas saber tudo, não fazes a mínima ideia do que é amar-te.
- a tranquilidade?..a felicidade?..
- não, para ti isso não passa de uma impossibilidade, de uma improbabilidade. algo que não faz parte do teu projecto. algo perdido ou esquecido na adolescência.
- a tranquilidade é um microondas e um charro para adormecer.
- lamento mas..
- a felicidade é 1, não 5 baccardis cola. nos intervalos, apaziguo o tédio em frente ao espelho à espera que algo faça sentido.“la vie, cette chose qui vient avant la mort. qui vient avant la mort ».
- lamento mas, por mais que tentes ignorar, não o podes destruir.
- “la vie, cette chose qui vient avant la mort”.


codigo MD8
olga roriz
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